A Medicina de Emergência é uma especialidade médica que se dedica desde o diagnóstico até o tratamento de queixas em situações imprevistas de doenças agudas ou lesões, tendo como característica a necessidade de atendimento imediato. O médico emergencista é visto como atuante na linha de frente em situações de desastres, eventos que produzem múltiplas vítimas e pandemias, sendo o profissional capacitado a oferecer atendimento nessas situações.
A história da especialidade, considerando sua fase moderna, tem início na Primeira Guerra Mundial, onde, devido ao grande número de soldados feridos, médicos militares identificaram que a rapidez e a ordem ao realizar os atendimentos impactavam diretamente na sobrevivência dos pacientes. Assim, foi criado o conceito de emergência e, junto com ele, o sistema de triagem. Posteriormente, foram criadas e adotadas as ambulâncias e sistemas de atendimento pré-hospitalar.
Com o desenvolvimento da medicina e sua segmentação, foram sendo criadas especialidades com a intenção de dividir áreas de estudo e atuação, incluindo a Medicina de Emergência. Na década de 1960, alguns países, como Estados Unidos e Inglaterra, iniciaram associações médicas de emergência, cursos e residências médicas, com o objetivo principal de oferecer preparo e formação profissional. O movimento de criação da especialidade ganhou força e continuou crescendo.
No Brasil, o movimento para estabelecer a Medicina de Emergência como especialidade começou na década de 90. Nessa época, foram estabelecidas iniciativas para organizar e qualificar os atendimentos de emergência. Cursos, Jornadas Científicas e Simpósios passaram a ser realizados para a formação dos profissionais, porém sem perspectivas futuras pré-estabelecidas.
Em 1992, foi implantada a disciplina de Emergências Clínicas na FMUSP, com o objetivo de introduzir os conceitos da especialidade para médicos ainda na graduação. Concomitantemente, ocorreram os planejamentos e a implantação do sistema de atendimento pré-hospitalar, baseado no modelo de SAMU utilizado na França. A implantação do SAMU influenciou a necessidade de serviços dedicados às emergências, com espaços físicos específicos e equipados, além de contar com profissionais competentes para a função.
A primeira residência médica em Medicina de Emergência foi implementada alguns anos depois, em 1996, em Porto Alegre. Inicialmente, foi reconhecida como subespecialidade clínica, para mais tarde se tornar uma especialidade com entrada direta a partir da graduação.
Em 2008, foi fundada a ABRAMEDE (Associação Brasileira de Medicina de Emergência) com sede em Porto Alegre. A associação teve uma história marcada por tentativas anteriores de fundação, porém sem apoio suficiente para se solidificar. Teve como presidente, em 2008, o médico Luiz Alexandre Alegretti Borges e como vice-presidente o médico Frederico Arnaud.
Em 2015, a especialidade foi reconhecida no Brasil após toda a trajetória de esforços para implementação dos serviços, formação adequada e fornecimento de atendimentos especializados para pacientes com emergências.
Referências:
ABRAMEDE – Associação Brasileira de Medicina de Emergência. Breve Resumo da História da Especialidade de Medicina de Emergência no Brasil. Sobre. Disponível em: https://portal.abramede.com.br/?menu=pagina&CODPAGINA=473. Acesso em: 19 jun. 2023.
BLOEM, C. História da Medicina de Emergência. Revista Brasileira de Medicina de Emergência, v. 1, n. 1, p. 2-3, 2021.