A especialidade médica Medicina do Trabalho tem como principal objeto de trabalho as várias características das relações de indivíduos trabalhadores com seus respectivos trabalhos. Atua visando à prevenção de acidentes durante o trabalho e de doenças ocupacionais, além de promover saúde e qualidade de vida aos trabalhadores atendidos.
O médico do trabalho volta sua atenção para as condições físicas, mentais, sociais e ambientais do trabalhador frente ao seu trabalho. Isso se deve à sua estruturação como atuação clínica e em saúde pública, já que impacta não só o indivíduo, mas também sua família e a comunidade em que está inserido.
Quanto à história da especialidade, podemos citar seu início com os estudos focados nas doenças dos trabalhadores. O médico italiano Bernardino Ramazzini ficou conhecido como o pai da Medicina do Trabalho ao publicar, em 1700, uma obra em que descreveu os principais problemas de saúde identificados em trabalhadores de 54 profissões.
No século XVIII, a Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra e, com ela, seus desdobramentos nos processos produtivos da sociedade, o que impulsionou a necessidade e a ascensão da Medicina do Trabalho. A partir de então, foi necessário que a ciência dessa especialidade se adaptasse às mudanças que ocorriam nos processos de trabalho e seus novos impactos.
Há indícios de preocupações genuínas por parte dos empresários com a saúde dos trabalhadores. Além disso, a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1919 e a criação da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948 impulsionaram e oficializaram medidas de segurança e promoção da saúde do trabalhador.
Desde então, o conceito de Saúde Ocupacional foi reformulado e, em 1995, teve seus objetivos redefinidos, sendo estes: manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade de trabalho; melhoramento das condições de trabalho para que sejam compatíveis com a saúde e a segurança; desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de trabalho que contribuam com a saúde e a segurança e promovam um clima social positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das empresas.
A história da Medicina do Trabalho no Brasil pode ser contada a partir da criação da Inspeção do Trabalho em 1921. Em 1931, foi criado o Departamento Nacional do Trabalho, responsável por fiscalizar o cumprimento das leis existentes, condições trabalhistas, entre elas acidentes laborais, jornada, férias e outras.
À medida que as indústrias cresciam e recrutavam mais trabalhadores urbanos, maior era a preocupação e necessidade de criar estratégias que protegessem o trabalhador e regulamentassem o trabalho. Nesse cenário, foi criada a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho em 1934.
Na década de 1940, a Portaria do Ministério do Trabalho criou as Cipas (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes), que, ao serem estruturadas pela Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, alcançaram resultados positivos de maneira efetiva. Os médicos passaram a lidar com casos mais específicos de doenças que acometiam trabalhadores, o que exigiu aprimoramento e estudos por parte dos profissionais e investimento em saúde ocupacional por parte das empresas.
Em 1960, a Medicina do Trabalho já tinha legislação específica e muitos médicos já eram reconhecidos como pertencentes a essa área. Em 1968, o médico Oswaldo Paulino fundou a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT). Posteriormente, em 2003, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a Medicina do Trabalho como especialidade médica.
Referências:
ANAMT – Associação Nacional de Medicina do Trabalho. A Especialidade. Medicina do Trabalho. Disponível em: https://www.anamt.org.br/portal/a-especialidade-o-que-e-a-medicina-do-trabalho/. Acesso em: 21 jun. 2023.
ANAMT – Associação Nacional de Medicina do Trabalho. A História da Medicina do Trabalho. Medicina do Trabalho. Disponível em: https://www.anamt.org.br/portal/historia-da-medicina-do-trabalho/. Acesso em: 21 jun. 2023.