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Otorrinolaringologista

Especialidade Médica

O termo otorrinolaringologia é derivado das palavras gregas ‘otós’ (orelha), ‘rhī́s’ (nariz) e ‘larynx’ (garganta). Logo, essas são as estruturas anatômicas envolvidas nessa especialidade. Os otorrinolaringologistas são médicos especializados nas áreas da otologia, laringologia e rinologia, dedicando-se ao estudo, diagnóstico e tratamento das patologias relacionadas a essas áreas. Eles são capazes de lidar com várias condições clínicas, como surdez e problemas de audição, infecções do ouvido, sinusite, rinite alérgica, amigdalite, distúrbios da voz e da fala, distúrbios do sono, entre outros. Além disso, realizam exames clínicos utilizando procedimentos de baixa complexidade que auxiliam nas técnicas diagnósticas, como a videonasolaringoscopia, assim como procedimentos cirúrgicos quando necessário.

As condições otorrinolaringológicas podem afetar a audição, a respiração, a fala, a deglutição e o sono, além de estar associadas a problemas estéticos e funcionais. Nesse sentido, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dessas condições são fundamentais para promover a saúde e o bem-estar dos pacientes. Portanto, essa é uma especialidade de grande importância, visto que as doenças que afetam os ouvidos, o nariz e a garganta podem ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes.

A história da Otorrinolaringologia se inicia de forma fragmentada entre as áreas que conhecemos hoje. A Otologia é descrita em documentos científicos do Egito que relatam sobre os ferimentos de batalha em ossos temporais e como estes afetam a audição e a fala, além de dados sobre medicamentos para tratamento de ‘audição fraca’. No século XVI, Ingrassia de Nápoles e Berengario de Capri descreveram os ossos martelo, bigorna e estribo, além de terem estudado a anatomia para nomeação da tuba auditiva e identificação dos nervos que auxiliam na fixação do tímpano. Essas descobertas foram importantes para o crescimento da especialidade e o desenvolvimento da cirurgia microscópica.

No que diz respeito à laringologia, a primeira menção foi feita por Aristóteles, mas descrições já teriam sido relatadas desde a época dos hindus, egípcios e gregos através de desenhos observados nas tumbas. Historiadores relatam o uso da traqueostomia por Alexandre, o grande, para salvar a vida dos soldados após as batalhas. Essa área encontrou uma barreira para seu desenvolvimento devido à dificuldade de examinação direta. No entanto, foi no século XIX que foram produzidos métodos de iluminação, anestesia e práticas assépticas que auxiliaram no cuidado e nas novas experiências dessa área, até a criação de instrumentos mais modernos, como os endoscópios de fibra óptica, utilizados atualmente. No século XX, ocorreu a fusão da otologia e laringologia, surgindo a Otorrinolaringologia como especialidade. Foi nesse período que também surgiu o primeiro aparelho auditivo elétrico, mesmo que ainda muito rústico.

A rinologia tem origem na medicina egípcia e seu desenvolvimento foi continuado em outras partes do mundo. Leonardo da Vinci descreveu minuciosamente a região dos seios paranasais, e a partir do século XVII houve um período importante de pesquisa sobre a função e os principais propósitos dessa região anatômica. No século XX, o interesse pela pesquisa da área da rinologia teve um declínio, principalmente pela descoberta de antibióticos e redução das cirurgias na região nasal. No entanto, o brasileiro Ermiro Estevam de Lima manteve interesse sobre a área e tornou-se conhecido internacionalmente por criar técnicas cirúrgicas inovadoras e um instrumento cirúrgico que leva o seu nome. Um fator importante que reacendeu o interesse pela rinologia foi o entendimento criado acerca dos cirurgiões que realizavam a rinoplastia e a fundação de entidades como a Sociedade Brasileira de Rinologia, em 1974. Isso trouxe para o campo da Otorrinolaringologia uma área antes dominada apenas por cirurgiões plásticos. Além disso, o estudo da rinologia impulsionou o trabalho multiprofissional nessa área, abordando cirurgias da base do crânio com acesso endonasal, o que requer o trabalho conjunto com os neurocirurgiões.

No Brasil, essa especialidade médica também teve sua evolução ao longo dos anos. O reconhecimento formal da especialidade ocorreu em 1978, quando foi criada a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (SBORL), que atualmente se chama Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Desde então, a otorrinolaringologia tem se desenvolvido e ganhado destaque no país, com a formação de programas de residência médica, a realização de pesquisas científicas, a introdução de novas técnicas e tecnologias, e a contribuição para o avanço do conhecimento e do tratamento nas áreas de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial. Além disso, a especialidade tem se integrado com outras áreas da medicina, como neurologia, neurocirurgia, cirurgia plástica e oncologia, para oferecer um cuidado multidisciplinar e abrangente aos pacientes.

REFERÊNCIAS:
ABORL-CCF – Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial . Sobre a ABORL-CCF. Disponível em: https://aborlccf.org.br/sobre-a-abrol-ccf/. Acesso em 18 jun 2023
FREITAS, R. F. et al. História da Otorrinolaringologia: Uma Breve Revisão da Produção Historiográfica. Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas, v. 12, n. 2, p. 13-19, 2013.
JÚNIOR, J. F. N. et al. Breve história da otorrinolaringologia: otologia, laringologia e rinologia. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 73, n. 5, p. 693-703, 2007.
PIGNATARI, S. S. N.; ANSELMO-LIMA, W. T. et al. Tratado de otorrinolaringologia, 3. ed., Rio de Janeiro: Grupo Editorial Nacional (GEN), 2020