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Medicina preventiva e social

Especialidade Médica

A Medicina Preventiva e Social é uma especialidade médica que tem como objetivo principal a prevenção de doenças e a promoção da saúde em nível populacional. Seu foco vai além do tratamento individual de pacientes, abrangendo a análise e intervenção nos determinantes sociais, econômicos e ambientais que influenciam a saúde de uma comunidade, o que permite uma abordagem mais abrangente e sustentável para melhorar a saúde das comunidades. Os médicos que atuam nessa especialidade têm a responsabilidade de identificar fatores de risco e implementar estratégias para prevenir o surgimento de doenças. Isso envolve a realização de estudos epidemiológicos, análise de dados de saúde coletiva, elaboração de políticas de saúde, educação em saúde e planejamento de programas de prevenção.

No contexto das doenças mais comuns abordadas pela especialidade, a Medicina Preventiva e Social lida com uma ampla gama de doenças transmissíveis e não transmissíveis. Algumas doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias crônicas e câncer, são frequentemente alvo de ações preventivas, devido à sua alta prevalência e impacto na saúde pública. A rotina do médico preventivo e social pode variar dependendo do local de trabalho. Ele pode atuar em órgãos governamentais, como secretarias de saúde, instituições de ensino, hospitais, empresas, ONGs ou em equipes multidisciplinares de saúde na atenção primária.

Edward Jenner (1749-1823) foi o responsável por descobrir a primeira vacina que utilizou vírus atenuado, sendo reconhecido no mundo todo posteriormente por ter ampliado o método preventivo contra a varíola, causando erradicação da doença nos anos futuros. A partir disso, surgiram importantes avanços na especialidade com as medidas de controle de doenças causadas por agentes infecciosos, como bactérias e vírus, com base nos programas de imunização em larga escala.

No século XIX, John Snow, um médico inglês, teve um papel crucial no desenvolvimento da Medicina Preventiva. Ele investigou o surto de cólera em Londres em 1854 e, por meio de análises epidemiológicas, identificou a fonte da contaminação como sendo uma bomba de água contaminada. Essa descoberta pioneira demonstrou a importância do estudo epidemiológico e do controle de doenças em nível populacional. No início do século XX, a Medicina Preventiva começou a se expandir ainda mais, com o surgimento de departamentos de saúde pública em diversos países. A prevenção de doenças tornou-se uma prioridade na saúde pública, e várias medidas foram implementadas, como campanhas de vacinação em massa, melhoria das condições sanitárias, controle de doenças transmitidas por vetores e educação em saúde.

No Brasil, no século XX, o país adotou importantes iniciativas de saúde pública, como a criação do Instituto Soroterápico Federal, em 1900, que posteriormente se chamou Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), e a Campanha Nacional de Erradicação da Varíola, em 1904, o que introduziu no país um novo e importante conceito de vigilância epidemiológica. Durante a primeira metade do século XX, o país enfrentou desafios relacionados a doenças infecciosas, como malária, febre amarela e tuberculose, o que impulsionou a criação do Departamento Nacional de Saúde, em 1920, e posteriormente do Ministério da Saúde, em 1953, refletindo o reconhecimento sobre a importância da prevenção e promoção da saúde no Brasil.

A partir da década de 1980, com a criação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a Medicina Preventiva e Social no Brasil começou a se expandir ainda mais. Foram implementadas políticas de saúde voltadas para a atenção primária, programas de imunização em massa, controle de doenças endêmicas e ações de promoção da saúde. Em 1976, a especialidade de Medicina Preventiva e Social ganhou ampla divulgação e reconhecimento com a criação da Sociedade Médica Brasileira de Administração em Saúde, que posteriormente viria a se tornar a Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (ABRAMPAS).

REFERÊNCIAS:
ABRAMPAS – Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde. Nossa História. Disponível em: https://abrampas.org.br/quem-somos/nossa-historia/. Acesso em: 10 jul 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde. Cronologia Histórica da Saúde Pública. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-publica. Acesso em: 10 jul 2023.

CREMESP – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. História da Medicina: Tributo a John Snow. Disponível em: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=623. Acesso em: 10 jul 2023.
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. História. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/historia. Acesso em: 10 jul 2023.

HAMILTON, W.; FONSECA, C. Política, atores e interesses no processo de mudança institucional: a criação do Ministério da Saúde em 1953. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 10, n. 3, p. 791-825, 2003.

HESPANHOL, A. P.; COUTO, L.; MARTINS, C. A medicina preventiva. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v. 24, n. 1, p. 49-64, 2008.

HOCHMAN, G. Vacinação, varíola e uma cultura da imunização no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 2, p. 375-386, 2011.