A radioterapia é uma especialidade médica que desempenha um papel crucial no tratamento de uma variedade de doenças com o uso de radiação, principalmente cânceres. O trabalho diário de um médico radioterapeuta envolve o planejamento e a prescrição de doses de radiação, a supervisão e administração do tratamento do paciente e o monitoramento contínuo dos efeitos colaterais, trabalhando em estreita colaboração com oncologistas e outros profissionais de saúde para planejar e fornecer um tratamento individualizado. Além disso, devido ao momento de vulnerabilidade do paciente, espera-se um atendimento humanizado desses profissionais, uma vez que os médicos radioterapeutas também realizam consultas para discutir o diagnóstico, o plano de tratamento e esclarecer quaisquer dúvidas ou preocupações.
A radioterapia é frequentemente usada no tratamento de várias formas de câncer, incluindo câncer de mama, pulmão, próstata, colorretal, ginecológico, cabeça e pescoço, entre outros. Ademais, também é eficaz no tratamento de certos tumores benignos, como meningiomas e neurofibromas. Ao utilizar radiação ionizante de alta energia controlada e de forma terapêutica, a radioterapia tem como objetivo destruir as células cancerígenas ou inibir seu crescimento, proporcionando uma esperança real de cura ou melhoria da qualidade de vida para os pacientes. Esse método pode ser utilizado de várias maneiras, incluindo: radioterapia curativa, radioterapia neoadjuvante, radioterapia adjuvante e radioterapia paliativa.
A história da especialidade se inicia com a descoberta dos raios-X no ano de 1895 pelo professor Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923) e posterior descoberta da radioatividade e dos elementos radioativos. Os raios-X passaram a desempenhar um papel de grande magnitude no âmbito da medicina. No ano de 1896, há relatos do primeiro tratamento realizado por meio dos raios-X em uma paciente com câncer de mama. Ainda nesse ano, também foi realizado o primeiro tratamento de câncer gástrico no país pelo mesmo método. Com os avanços das técnicas, em 1953, foi utilizado pela primeira vez o acelerador linear de elétrons, que conseguia atingir tecidos mais profundos com menor dispersão da radiação para células normais circunvizinhas.
No que tange à história nacional, as pesquisas sobre métodos de tratamento do câncer com a utilização da radioterapia foram intensificadas a partir do final do século XIX e início do século XX. Surgiram os primeiros serviços de radioterapia mais especializados para o tratamento de câncer, vinculados a grandes hospitais nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, no entanto, ainda havia escassez de recursos e de tecnologias mais avançadas. Porém, devido à gravidade dos tumores, as pesquisas e métodos de radioterapia foram sendo pesquisados de forma cada vez mais intensa. Dessa forma, a radioterapia passou a desempenhar um papel cada vez mais importante no tratamento do câncer, sendo utilizada em combinação com cirurgia e quimioterapia, de acordo com as necessidades de cada paciente.
O Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) foi fundado em 1948, funcionando como um elo entre radiologistas e radioterapeutas. Entretanto, médicos radioterapeutas estavam insatisfeitos pelo fato do colégio não fazer referência direta à atuação da radioterapia, o que acarretou o afastamento desses médicos em relação ao CBR. Para reverter a situação, em 1998, os radioterapeutas criaram a Associação Brasileira de Radioterapia (ABRON), que posteriormente passou a ser chamada de Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
Desde então, houve um crescente investimento em pesquisa, formação de profissionais e aquisição de equipamentos modernos para a prática da radioterapia no país. A especialidade evoluiu consideravelmente, com a introdução de técnicas avançadas, como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), radioterapia estereotáxica, braquiterapia e terapia de prótons, proporcionando tratamentos mais precisos e menos efeitos colaterais.
REFERÊNCIAS:
CAMARGO, R. Radioterapia e Medicina Nuclear: Conceitos, Instrumentação, Protocolos, Tipos de exames e Tratamentos. 1ª ed. São Paula: Érica, 2015
CUPERSCHMID, E. M. ; MARTINS, M. C. S. Instituto de Radium de Minas Gerais: vanguarda da radioterapia no Brasil, 1923-1935. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 21, n. 4, p. 1235-1260, 2014.
SBRT – Sociedade Brasileira de Radioterapia. História. Disponível em: https://sbradioterapia.com.br/a-sbrt/historia-sociedade-brasileira-de-radioterapia/. Acesso em 08 jul 2023.
